Greve

O leitor assíduo – e digo-o no singular porque não acredito que seja mais do que um – terá, por certo, reparado na reconfortante inércia que este blogue tem apresentado nos últimos tempos. Aos olhos mais ingénuos poderá parecer que concedi umas férias ao leitor, para que pudesse poupar a sua pobre cabecinha aos recorrentes disparates que por aqui vão pululando. Nada disso! Venho por este meio informar que termina hoje um ciclo de 21 dias de greve!

Antes de mais, o leitor estar-se-á a questionar quanto ao significado dos 21 dias. “Porquê 21?”. Porque 20 dias seriam pouco e 22 já seriam um exagero… O motivo da greve tem uma explicação igualmente complexa e requintada: estou indignado!
Estou indignado, caro leitor, porque me sinto ignorado pela Crise. Aparentemente, ser blogger é fácil e não dá direito a remuneração. Há até quem lhe chame “passatempo”…invejas! Perante isto, a famigerada Crise ignora-me, olha-me de soslaio e não me retira regalias nem me provoca cortes salariais. Cortar num salário de 0 Euros seria deveras complexo, mas o que tenho visto nos últimos tempos dá-me o direito de sonhar.
Ora este comportamento rude da Crise incomoda-me porquanto me está a provocar transtornos do foro social. Veja bem que eu não tenho do que me queixar, caro leitor! Não é possível manter uma conversa de circunstância, nos dias de hoje, sem que a dita Crise venha à baila e, perante a minha situação particular, vejo-me remetido ao silêncio. Não concebo de forma alguma a ideia de um pensionista ser mais afectado pela Crise do que eu! O pensionista já teve o seu tempo e já desfrutou das crises de que tinha que desfrutar. Aliás, até deve ter abusado nas crises, a avaliar pela extravagante pensão que aufere. Há que dar, portanto, oportunidade aos mais jovens de serem explorados…
Espero, sinceramente, que este período de 21 dias de greve de imbecilidade tenha chamado a atenção dos nossos governantes. Vivemos numa sociedade democrática e não podem uns ser filhos e outros enteados. Devemos todos, então, ser de igual forma prejudicados: os que ganham pouco e os que não ganham nada. Já os que ganham muito podem estar descansados, pois esses não são filhos nem enteados. Esses são os pais da Crise…  

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